Pessoas trans no mercado de trabalho
O cenário no mercado de trabalho para pessoas transgênero nunca foi tão contraditório. Se, por um lado, temos grandes avanços, por outro, seguimos andando no caminho do retrocesso.
Segundo a ONG Transgender Europe, o Brasil é o país com maior índice de homicídios de pessoas trans no mundo. O preconceito, a violência e a exclusão nos saltam aos olhos e as oportunidades no mercado de trabalho formal para essas pessoas são raras.
Especialmente pelo despreparo da educação brasileira em trabalhar diversidade e inclusão na sala de aula, muitas pessoas transgênero e travestis abandonam a escola. Dessa forma, a soma da baixa escolaridade com os preconceitos sociais transforma-se em obstáculos ainda maiores para a qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho.
De acordo com um levantamento realizado pela CNN, que ouviu 1.788 pessoas trans e travestis, a maioria da população trans é composta por mulheres jovens, pretas e pardas. Frequentemente, nos processos seletivos, a diversidade é derrubada ainda na fase da triagem.
A pesquisa A Workplace Divided, do Human Rights Campaign Foundation, trouxe os seguintes resultados:
- 75% dos trabalhadores LGBTQIA+ esconderam pelo menos uma vez a sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho;
- 46% dos trabalhadores LGBTQIA+ nunca assumiram a sua orientação sexual no trabalho;
- 31% dos trabalhadores LGBTQIA+ relatam ter sentido infelicidade ou depressão no trabalho;
- 20% dos trabalhadores LGBTQIA+ já evitaram um evento especial do trabalho - como almoços, happy hours ou uma festa de final de ano - por se sentirem constrangidos devido à sua orientação sexual.
Como o mercado de trabalho pode ser inclusivo?
Apesar dos avanços que tivemos nos últimos anos, ainda é necessário o apoio dos setores público e privado, de modo que mais políticas públicas, órgãos governamentais e empresas apoiem as pessoas trans ao longo da vida. Especialmente considerando que sua expectativa média de vida é de apenas 35 anos.
Uma opção é a criação de políticas públicas que fomentem a presença de pessoas transgênero nas universidades, cursos profissionalizantes e de especialização, para que obtenham capacitação adequada.
Outra, é o incentivo a empresas que tenham implementado políticas de inclusão, bem como, ofertas de vagas destinadas exclusivamente ao público LGBTQIA+. Além da criação de um número maior de órgãos de apoio ao público trans, como departamentos exclusivos onde este público possa recorrer nos casos em que necessitem de ajuda trabalhista ou psicológica especializada, por exemplo.
Transempregos
Outra forma de fomento a um mercado de trabalho mais inclusivo, é o apoio a plataformas como a Transempregos. Criada em 2013, auxilia na inserção de pessoas trans e travestis no mercado de trabalho formal. Com crescimento de 315% de janeiro de 2020 até janeiro de 2021, o projeto tem parceria com 715 empresas.
Um case de sucesso da Transempregos é Miguel Medeiros, homem trans, ou seja, que não se identifica com o gênero femino socialmente atribuído a ele ao nascer, e redator em uma agência de publicidade, contratado por meio da plataforma.
Após dois anos desempregado, muito esforço e vários currículos enviados, Miguel até conseguiu um emprego, mas bem abaixo de sua qualificação acadêmica. Mais tarde, apareceu uma oportunidade na área de turismo, que não foi pra frente devido à pandemia.
Um dia, rolando o feed do Instagram, ele encontrou um post sobre sua vaga atual no perfil da Transempregos, se candidatou e deu tudo certo; ele está há mais de um ano na vaga.
Pessoas trans no mercado de trabalho
O cenário no mercado de trabalho para pessoas transgênero nunca foi tão contraditório. Se, por um lado, temos grandes avanços, por outro, seguimos andando no caminho do retrocesso.
Segundo a ONG Transgender Europe, o Brasil é o país com maior índice de homicídios de pessoas trans no mundo. O preconceito, a violência e a exclusão nos saltam aos olhos e as oportunidades no mercado de trabalho formal para essas pessoas são raras.
Especialmente pelo despreparo da educação brasileira em trabalhar diversidade e inclusão na sala de aula, muitas pessoas transgênero e travestis abandonam a escola. Dessa forma, a soma da baixa escolaridade com os preconceitos sociais transforma-se em obstáculos ainda maiores para a qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho.
De acordo com um levantamento realizado pela CNN, que ouviu 1.788 pessoas trans e travestis, a maioria da população trans é composta por mulheres jovens, pretas e pardas. Frequentemente, nos processos seletivos, a diversidade é derrubada ainda na fase da triagem.
A pesquisa A Workplace Divided, do Human Rights Campaign Foundation, trouxe os seguintes resultados:
- 75% dos trabalhadores LGBTQIA+ esconderam pelo menos uma vez a sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho;
- 46% dos trabalhadores LGBTQIA+ nunca assumiram a sua orientação sexual no trabalho;
- 31% dos trabalhadores LGBTQIA+ relatam ter sentido infelicidade ou depressão no trabalho;
- 20% dos trabalhadores LGBTQIA+ já evitaram um evento especial do trabalho - como almoços, happy hours ou uma festa de final de ano - por se sentirem constrangidos devido à sua orientação sexual.
Como o mercado de trabalho pode ser inclusivo?
Apesar dos avanços que tivemos nos últimos anos, ainda é necessário o apoio dos setores público e privado, de modo que mais políticas públicas, órgãos governamentais e empresas apoiem as pessoas trans ao longo da vida. Especialmente considerando que sua expectativa média de vida é de apenas 35 anos.
Uma opção é a criação de políticas públicas que fomentem a presença de pessoas transgênero nas universidades, cursos profissionalizantes e de especialização, para que obtenham capacitação adequada.
Outra, é o incentivo a empresas que tenham implementado políticas de inclusão, bem como, ofertas de vagas destinadas exclusivamente ao público LGBTQIA+. Além da criação de um número maior de órgãos de apoio ao público trans, como departamentos exclusivos onde este público possa recorrer nos casos em que necessitem de ajuda trabalhista ou psicológica especializada, por exemplo.
Transempregos
Outra forma de fomento a um mercado de trabalho mais inclusivo, é o apoio a plataformas como a Transempregos. Criada em 2013, auxilia na inserção de pessoas trans e travestis no mercado de trabalho formal. Com crescimento de 315% de janeiro de 2020 até janeiro de 2021, o projeto tem parceria com 715 empresas.
Um case de sucesso da Transempregos é Miguel Medeiros, homem trans, ou seja, que não se identifica com o gênero femino socialmente atribuído a ele ao nascer, e redator em uma agência de publicidade, contratado por meio da plataforma.
Após dois anos desempregado, muito esforço e vários currículos enviados, Miguel até conseguiu um emprego, mas bem abaixo de sua qualificação acadêmica. Mais tarde, apareceu uma oportunidade na área de turismo, que não foi pra frente devido à pandemia.
Um dia, rolando o feed do Instagram, ele encontrou um post sobre sua vaga atual no perfil da Transempregos, se candidatou e deu tudo certo; ele está há mais de um ano na vaga.
Depois da contratação…
Não basta contratar, é preciso incluir. "Inclusividade e apoio à diversidade não se limita a contratar pessoas de grupos minoritários, é preciso que existam políticas e uma cultura de acolhimento a essas pessoas. E é exatamente assim que eu me sinto no meu emprego atual, uma empresa que me acolheu exatamente como eu sou e que me apoia e incentiva em cada passo de minha jornada profissional’’, diz Miguel.
De que forma o RH pode ser mais inclusivo?
De acordo com ele, o tema é amplo e subjetivo, pois cada pessoa tem necessidades diferentes quanto ao assunto. Mas algumas melhorias que podem facilmente ser implementadas são:
- Educar os colaboradores, através de palestras e workshops a respeito do tema;
- Celebrar e relembrar datas comemorativas LGBTQIA+ dentro da empresa;
- Criar uma política de inclusão, oferecendo outras vagas para públicos diversos e plurais, não apenas pessoas trans, mas outras LGBTQIA+, pardas, negras e deficientes.
- Apoio psicológico, através de ferramentas como o Zenklub;
- Dar a oportunidade para pessoas plurais em cargos de liderança;
- Fazer uso do nome social da pessoa.
Outra atitude importante é deixar claro para todos os colaboradores, e também nas campanhas publicitárias da empresa, que a transfobia, de acordo com a Lei 7.716/2018, é crime. Sendo assim, discriminar a identidade de gênero de alguém pode acabar em pena de até três anos de prisão e o pagamento de multa. Já os que divulgam atos discriminatórios em meios de comunicação podem ser presos por até cinco anos, além do pagamento de multa.