O setor automotivo brasileiro está prestes a ganhar um novo impulso com a inauguração da fábrica da Great Wall Motor (GWM), programada para maio de 2025. Localizada em Iracemápolis, no interior de São Paulo, a planta marcará a entrada da montadora chinesa no mercado industrial nacional, trazendo promissoras oportunidades de emprego e fortalecendo a cadeia de fornecimento automotiva. Além disso, a GWM optou por fabricar veículos a partir de peças nacionais, alinhando-se aos incentivos fiscais do programa Mover, do governo federal.

GWM aposta no crescimento local e na nacionalização da produção

A GWM, uma das maiores montadoras privadas da China, decidiu inovar ao optar pela montagem de veículos peça por peça no Brasil, em vez de importar kits prontos (CKD) da China. Essa mudança estratégica foi motivada, em grande parte, pelos benefícios fiscais oferecidos pelo programa Mover, que incentiva a nacionalização e a redução de emissões de poluentes. A empresa planeja alcançar, até 2028, uma taxa de nacionalização de 60%, o que permitirá a exportação de veículos fabricados localmente.

Com a implementação desse modelo, a GWM espera não apenas acelerar o processo de nacionalização, mas também estabelecer uma base sólida para competir no mercado global. A fábrica de Iracemápolis, adquirida da Mercedes-Benz em 2021, será a terceira unidade da GWM fora da China e a primeira no Ocidente, demonstrando a ambição da empresa em expandir sua presença global.

Criação de empregos e impacto na comunidade local

A instalação da GWM em Iracemápolis está trazendo um novo fôlego econômico para a região. A primeira fase de contratações já começou, com a previsão de criação de 100 vagas de trabalho, sendo 30 no escritório administrativo em São Paulo e 70 na fábrica. Esse número deve crescer significativamente quando a planta entrar em operação completa, chegando a 700 postos de trabalho.

Um ponto de destaque é a valorização da mão de obra local, com muitos ex-funcionários da Mercedes-Benz sendo contratados pela GWM, ainda que essa não seja uma exigência formal. A empresa também está investindo no treinamento de seus colaboradores, contando com a parceria do Senai de Iracemápolis, que oferecerá capacitação técnica para os novos trabalhadores.

Além dos treinamentos técnicos, capacitar o time em idiomas, especialmente o mandarim, será um diferencial importante para as relações com empresas chinesas que estão expandindo suas operações no Brasil. O aprendizado de mandarim facilita a comunicação com parceiros estratégicos, fornecedores e executivos da matriz na China, agilizando negociações e a implementação de projetos. A fluência nesse idioma, além de abrir portas no mercado global, reforça a competitividade dos profissionais brasileiros que lidam diretamente com essas empresas.

Com o crescimento de investimentos chineses no Brasil, dominar o mandarim se torna um ativo valioso para os colaboradores da GWM e de outras companhias que têm relações comerciais com a China. Em longo prazo, essa capacitação linguística pode ajudar a fortalecer o relacionamento entre as sedes globais e locais, garantindo que a GWM se estabeleça de forma sólida no mercado brasileiro e sul-americano.

Mudanças nos planos de produção e foco no mercado nacional

Inicialmente, a GWM planejava iniciar a produção com uma picape híbrida, chamada Proer. No entanto, as políticas governamentais de tributação sobre veículos híbridos e elétricos levaram a empresa a revisar essa decisão. Agora, o primeiro modelo a ser produzido na nova fábrica será o Haval H6, um SUV híbrido plug-in, que já é o carro mais vendido da marca no Brasil. O Haval H6 será o primeiro veículo da GWM a ser fabricado sob as regras do programa Mover, o que fortalecerá sua competitividade no mercado brasileiro.

Com a fabricação local, a GWM poderá driblar os crescentes custos de importação e atender a demanda por veículos híbridos no Brasil. Somente em 2023, foram vendidas mais de 15 mil unidades do Haval, colocando-o entre os 30 carros mais vendidos do país. A expectativa da montadora é de que, com a fábrica em pleno funcionamento, a produção alcance 25 mil unidades por ano.

Investimentos em tecnologia e inovação

A GWM não está apenas focada em expandir sua capacidade produtiva no Brasil, mas também em investir em tecnologias que atendam às demandas do mercado nacional. Um dos projetos em desenvolvimento é a criação de um sistema híbrido que utiliza etanol, combustível amplamente disponível no Brasil. Em parceria com a Bosch, a montadora já está trabalhando para adaptar seus veículos híbridos às preferências dos consumidores brasileiros.

Essa estratégia reflete o compromisso da GWM em oferecer produtos alinhados às necessidades locais, ao mesmo tempo em que busca contribuir para a redução das emissões de carbono no país. A fábrica em Iracemápolis será equipada com tecnologia de ponta, incluindo uma moderna cabine de pintura herdada da Mercedes-Benz, o que permitirá uma maior flexibilidade na produção e customização dos veículos.

A inauguração da fábrica da GWM em maio de 2025 representa um marco importante para a indústria automotiva brasileira, trazendo novos investimentos, empregos e oportunidades para a economia local. Ao optar pela montagem de veículos peça por peça e focar em tecnologias sustentáveis, a montadora chinesa demonstra seu compromisso com o mercado brasileiro e sua visão de longo prazo. Além disso, a GWM está estrategicamente posicionada para expandir sua presença global, aproveitando as vantagens do programa Mover e o potencial de exportação do Brasil.

Com uma equipe de liderança experiente e investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a GWM está pronta para se tornar um dos principais players do setor automotivo no Brasil. O futuro da montadora parece promissor, tanto no mercado doméstico quanto no cenário internacional.