Desafios e oportunidades no setor de mineração e metais em 2024
O setor de mineração e metais está diante de um cenário desafiador e em constante transformação em 2024. Uma série de temas-chave estão moldando o ambiente operacional e colocando as empresas sob intensa pressão para se adaptarem e inovarem. A crescente expectativa por parte de investidores e partes interessadas, especialmente em relação às questões ambientais, sociais e de governança (ESG), está redefinindo as prioridades e exigindo um equilíbrio delicado entre os objetivos comerciais e as responsabilidades sociais e ambientais.
Além disso, a aceleração do ritmo de mudança, impulsionada pela competição por investimentos e pela necessidade de acelerar a exploração e desenvolvimento de minerais e metais essenciais para a transição energética, está levando as empresas a repensarem suas estratégias de longo prazo. A pressão inflacionária está impulsionando o desenvolvimento tecnológico e destacando a importância da segurança cibernética em um ambiente cada vez mais digitalizado.
A complexidade dos riscos atuais, altamente interconectados e de natureza multifacetada, está desafiando os líderes do setor a adotarem uma abordagem holística na gestão de riscos e na tomada de decisões estratégicas. A construção da confiança e a articulação do valor não financeiro estão emergindo como elementos essenciais na evolução da marca do setor, exigindo maior transparência e um compromisso claro com o desenvolvimento sustentável e o legado além da vida útil das minas.
Diante desse contexto, é fundamental para as empresas de mineração e metalurgia desenvolverem uma compreensão profunda dessas tendências e adotarem uma abordagem proativa e inovadora para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem. Neste artigo, exploraremos em detalhes esses temas-chave e seu impacto no setor de mineração e metais em 2024.
1. ESG em foco
O foco nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG) continua a crescer, com investidores e partes interessadas exigindo maior transparência e ação concreta das empresas de mineração e metalurgia.
Grande parte do desafio do ESG reside na diversidade de riscos e oportunidades em jogo. As empresas estão lidando com questões que vão desde a gestão da água até cadeias de suprimentos éticas e o fechamento de minas — tudo isso enquanto tentam navegar pelo que os entrevistados descrevem como uma "sopa de letras" de regulamentações e enfrentando desafios contínuos de integridade de dados. Quarenta e um por cento dos mineradores entrevistados afirmaram que sua prioridade digital era uma plataforma para rastrear e relatar métricas ESG. Para evitar erros de divulgação e fazer o melhor uso dos recursos, os mineradores precisarão de uma visão melhor dos dados ESG de alta qualidade, com forte governança e controles para garantir aprovações e processos adequados.
2. Investimento em produção de lítio e níquel
No cenário atual da mineração e metais, há uma corrida para garantir investimentos que atendam à crescente demanda por minerais essenciais para a transição energética, como cobre, lítio e níquel. Embora os mercados estejam respondendo a essa demanda, observa-se um movimento de capital em direção a novos mercados de commodities, em vez de mitigar riscos já existentes.
Empresas de ferro, aço, ouro e carvão continuam a atrair a maior parte dos investimentos, mas há um aumento significativo nos aportes em níquel e lítio. Paralelamente, os orçamentos para exploração desses recursos estão crescendo, com destaque para países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, devido a seus perfis de risco mais baixos. Essa mudança reflete um foco crescente em minerais essenciais à transição energética e uma ampliação da busca por oportunidades de exploração em diversas regiões.
No Brasil, por exemplo, o estado de Minas Gerais lançou em 2023 o ambicioso projeto do Vale do Lítio, visando fomentar a exploração desse mineral e promover o crescimento econômico na região do Vale do Jequitinhonha, uma das mais carentes do país. O projeto abrange 14 cidades, onde se encontram as maiores reservas de lítio do Brasil. O país, juntamente com Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália, é reconhecido pelo seu potencial de extração desse recurso.
3. Licença para Operar (LTO)
Empresas de mineração e metalurgia enfrentam expectativas mais altas do que muitos outros setores. A maioria das operações de mineração ocorre em terras licenciadas, não de propriedade própria, e envolve uma série de regulamentações formais e informais relacionadas à extração de minerais. Construir confiança é crucial para gerenciar essas expectativas e garantir a obtenção e a manutenção da Licença para Operar (LTO). No passado, o foco da LTO estava na construção de confiança e reconciliação com as comunidades indígenas, mas agora sua abrangência se expandiu para incluir a confiança em um nível mais amplo na sociedade.
Muito dos desafios enfrentados pelas empresas de mineração derivam do histórico de desempenho inadequado, incluindo o impacto negativo no meio ambiente, como na terra, ar, água e biodiversidade, além da percepção de falhas na preparação das comunidades para prosperar após o fechamento das operações. Apesar de muitos esforços por parte das mineradoras para trabalhar com os países na elaboração de estratégias para minerais críticos na transição energética, a conscientização sobre o papel fundamental da mineração nesse processo ainda é limitada. O CEO da ICMM, Rohitesh Dhawan, destaca dois "déficits" que afetam o setor: falta de entendimento por parte da sociedade sobre as atividades da indústria e falta de confiança devido ao histórico de acidentes e desastres.
As empresas também enfrentam desafios na busca por alcançar um impacto social líquido positivo, especialmente em mercados em desenvolvimento, onde as expectativas em relação ao impacto social das operações de mineração são significativas. Gerenciar essas expectativas requer planejamento cuidadoso de programas e envolvimento contínuo das partes interessadas.
Desafios e oportunidades no setor de mineração e metais em 2024
O setor de mineração e metais está diante de um cenário desafiador e em constante transformação em 2024. Uma série de temas-chave estão moldando o ambiente operacional e colocando as empresas sob intensa pressão para se adaptarem e inovarem. A crescente expectativa por parte de investidores e partes interessadas, especialmente em relação às questões ambientais, sociais e de governança (ESG), está redefinindo as prioridades e exigindo um equilíbrio delicado entre os objetivos comerciais e as responsabilidades sociais e ambientais.
Além disso, a aceleração do ritmo de mudança, impulsionada pela competição por investimentos e pela necessidade de acelerar a exploração e desenvolvimento de minerais e metais essenciais para a transição energética, está levando as empresas a repensarem suas estratégias de longo prazo. A pressão inflacionária está impulsionando o desenvolvimento tecnológico e destacando a importância da segurança cibernética em um ambiente cada vez mais digitalizado.
A complexidade dos riscos atuais, altamente interconectados e de natureza multifacetada, está desafiando os líderes do setor a adotarem uma abordagem holística na gestão de riscos e na tomada de decisões estratégicas. A construção da confiança e a articulação do valor não financeiro estão emergindo como elementos essenciais na evolução da marca do setor, exigindo maior transparência e um compromisso claro com o desenvolvimento sustentável e o legado além da vida útil das minas.
Diante desse contexto, é fundamental para as empresas de mineração e metalurgia desenvolverem uma compreensão profunda dessas tendências e adotarem uma abordagem proativa e inovadora para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem. Neste artigo, exploraremos em detalhes esses temas-chave e seu impacto no setor de mineração e metais em 2024.
1. ESG em foco
O foco nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG) continua a crescer, com investidores e partes interessadas exigindo maior transparência e ação concreta das empresas de mineração e metalurgia.
Grande parte do desafio do ESG reside na diversidade de riscos e oportunidades em jogo. As empresas estão lidando com questões que vão desde a gestão da água até cadeias de suprimentos éticas e o fechamento de minas — tudo isso enquanto tentam navegar pelo que os entrevistados descrevem como uma "sopa de letras" de regulamentações e enfrentando desafios contínuos de integridade de dados. Quarenta e um por cento dos mineradores entrevistados afirmaram que sua prioridade digital era uma plataforma para rastrear e relatar métricas ESG. Para evitar erros de divulgação e fazer o melhor uso dos recursos, os mineradores precisarão de uma visão melhor dos dados ESG de alta qualidade, com forte governança e controles para garantir aprovações e processos adequados.
2. Investimento em produção de lítio e níquel
No cenário atual da mineração e metais, há uma corrida para garantir investimentos que atendam à crescente demanda por minerais essenciais para a transição energética, como cobre, lítio e níquel. Embora os mercados estejam respondendo a essa demanda, observa-se um movimento de capital em direção a novos mercados de commodities, em vez de mitigar riscos já existentes.
Empresas de ferro, aço, ouro e carvão continuam a atrair a maior parte dos investimentos, mas há um aumento significativo nos aportes em níquel e lítio. Paralelamente, os orçamentos para exploração desses recursos estão crescendo, com destaque para países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, devido a seus perfis de risco mais baixos. Essa mudança reflete um foco crescente em minerais essenciais à transição energética e uma ampliação da busca por oportunidades de exploração em diversas regiões.
No Brasil, por exemplo, o estado de Minas Gerais lançou em 2023 o ambicioso projeto do Vale do Lítio, visando fomentar a exploração desse mineral e promover o crescimento econômico na região do Vale do Jequitinhonha, uma das mais carentes do país. O projeto abrange 14 cidades, onde se encontram as maiores reservas de lítio do Brasil. O país, juntamente com Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália, é reconhecido pelo seu potencial de extração desse recurso.
3. Licença para Operar (LTO)
Empresas de mineração e metalurgia enfrentam expectativas mais altas do que muitos outros setores. A maioria das operações de mineração ocorre em terras licenciadas, não de propriedade própria, e envolve uma série de regulamentações formais e informais relacionadas à extração de minerais. Construir confiança é crucial para gerenciar essas expectativas e garantir a obtenção e a manutenção da Licença para Operar (LTO). No passado, o foco da LTO estava na construção de confiança e reconciliação com as comunidades indígenas, mas agora sua abrangência se expandiu para incluir a confiança em um nível mais amplo na sociedade.
Muito dos desafios enfrentados pelas empresas de mineração derivam do histórico de desempenho inadequado, incluindo o impacto negativo no meio ambiente, como na terra, ar, água e biodiversidade, além da percepção de falhas na preparação das comunidades para prosperar após o fechamento das operações. Apesar de muitos esforços por parte das mineradoras para trabalhar com os países na elaboração de estratégias para minerais críticos na transição energética, a conscientização sobre o papel fundamental da mineração nesse processo ainda é limitada. O CEO da ICMM, Rohitesh Dhawan, destaca dois "déficits" que afetam o setor: falta de entendimento por parte da sociedade sobre as atividades da indústria e falta de confiança devido ao histórico de acidentes e desastres.
As empresas também enfrentam desafios na busca por alcançar um impacto social líquido positivo, especialmente em mercados em desenvolvimento, onde as expectativas em relação ao impacto social das operações de mineração são significativas. Gerenciar essas expectativas requer planejamento cuidadoso de programas e envolvimento contínuo das partes interessadas.
4. Gestão de riscos climáticos
As mudanças climáticas representam um desafio complexo para as empresas de mineração: elas precisam fornecer minerais para a transição energética, ao mesmo tempo em que reduzem as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
As iniciativas de neutralização de carbono estão avançando em todo o setor, embora alguns entrevistados tenham admitido desafios em atingir as metas intermediárias. Muitas empresas estão estabelecendo ecossistemas e parcerias para desenvolver inovações tecnológicas que possam acelerar a descarbonização. O apoio governamental e a redução do custo das energias renováveis estão impulsionando o crescimento dos contratos de energia renovável e os investimentos em geração solar ou eólica. Muitas mineradoras estão adotando eletricidade verde para reduzir as emissões de GEE do Escopo 2, mas enfrentam dificuldades para obter energia verde em grande escala.
Além disso, as mineradoras precisam se preparar e se provisionar para o crescente impacto dos eventos climáticos na produtividade diária e na saúde e segurança. Uma mineradora canadense afetada por incêndios recentes nos disse que está considerando melhores preparativos para eventos futuros: "Estamos nos perguntando: 'Deveríamos alocar duas paralisações por ano para lidar com as mudanças climáticas?' Não seria uma má ideia seguir em frente."
5. Inovação e economia circular
As pressões econômicas estão impulsionando as empresas de mineração a investir cada vez mais em inovação com dados e tecnologia. Líderes do setor preveem um significativo aumento nos investimentos para o próximo ano, buscando soluções digitais que possam não apenas reduzir custos, mas também aprimorar a produtividade e impulsionar os resultados ESG. Porém, a complexidade desses investimentos exige que as empresas ajam com cautela.
Um dos pontos que gera mais expectativa para os mineradores é a inteligência artificial generativa (GenAI), que promete revolucionar a forma como gerenciam grandes conjuntos de dados. No entanto, seu potencial também traz à tona desafios relacionados à qualidade dos dados e à necessidade de uma sólida gestão de informações. É importante ressaltar que muitas aplicações dessa tecnologia ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento, especialmente em áreas como geoestatística e otimização de cadeias de suprimentos.
Apesar das promessas da IA, sua implementação eficaz requer uma estratégia robusta, alinhada aos objetivos estratégicos da empresa. Não basta apenas construir demonstrações de tecnologia; é crucial garantir sua operacionalização e maximizar seu valor comercial. Nesse sentido, as empresas precisam não apenas investir em tecnologia, mas também em capacitação e estruturação interna para absorver e tirar o máximo proveito dessas inovações.
6. Crescente pressão regulatória
As regulamentações ambientais e de segurança estão se tornando mais rigorosas em todo o mundo, exigindo que as empresas de mineração e metalurgia cumpram padrões mais elevados de conformidade. Isso inclui requisitos mais estritos para mitigação de impactos ambientais, proteção dos direitos dos trabalhadores e engajamento com as comunidades locais.
7. Parcerias e colaborações estratégicas
As mineradoras estão cada vez mais buscando parcerias e colaborações estratégicas com outras empresas, governos e organizações não governamentais para enfrentar desafios comuns e impulsionar a inovação. Essas iniciativas incluem projetos conjuntos de pesquisa e desenvolvimento, compartilhamento de melhores práticas e investimentos em projetos de desenvolvimento comunitário.
Um exemplo marcante dessa abordagem estratégica é a parceria entre a prestadora de serviços para mineração, MOVAG, e a terceira maior fabricante de equipamentos do mundo, a XCMG. O acordo, firmado no final de agosto de 2023, estabelece uma série de ações estratégicas e táticas de colaboração para fortalecer a competitividade, desempenho e capacidade de mobilização em operações que demandem equipamentos de grande porte. Além disso, a parceria visa o desenvolvimento conjunto de soluções para descarbonização e transição energética no setor.
João Martins, CEO do Grupo Andrade Gutierrez, do qual a MOVAG faz parte, expressou otimismo em relação a essa aproximação estratégica com a XCMG, considerando-a um marco significativo na busca pela excelência na indústria de mineração. Sob uma ótica estratégica, essa parceria funciona como uma alavanca de crescimento para ambas as empresas, fortalecendo sua posição competitiva e impulsionando a inovação no setor.
8. Diversificação de portfólio
Para reduzir a dependência de commodities específicas e mitigar os riscos associados à volatilidade dos preços, as mineradoras estão diversificando seus portfólios de produtos. Isso inclui a expansão para novas commodities, mercados geográficos e segmentos de clientes, bem como investimentos em tecnologias emergentes e setores relacionados, como energia renovável e tecnologia de armazenamento de energia.
9. Gestão de talentos e cultura organizacional
Atração e retenção de talentos qualificados continuam a ser desafios para as empresas de mineração e metalurgia, especialmente diante da concorrência de outros setores e da evolução das expectativas dos trabalhadores. As empresas estão investindo em programas de desenvolvimento de liderança, treinamento técnico e iniciativas de engajamento para atrair e reter os melhores talentos.
10. Resiliência e adaptação
Diante da crescente complexidade e incerteza do ambiente operacional, a resiliência e a capacidade de adaptação são essenciais para o sucesso a longo prazo das empresas de mineração e metalurgia. Isso inclui a implementação de estratégias de gestão de riscos robustas, planos de continuidade de negócios e investimentos em tecnologias e práticas operacionais flexíveis e escaláveis.
Por exemplo, os preços flutuantes das commodities podem afetar drasticamente a viabilidade financeira de projetos de mineração. A dependência de mercados voláteis exige uma gestão de risco robusta e estratégias de previsão precisas.
Além disso, o setor de mineração é notoriamente perigoso. Garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores é fundamental para evitar interrupções operacionais e litígios.